Reforma ortográfica domingo, jun 8 2008 

A reforma ortográfica vem aí

Postado por Sérgio Nogueira em 04 de Junho de 2008 às 09:50

O Parlamento português aprovou, em maio passado, o segundo protocolo modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Assim, Portugal se une a Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, que, em 2007, ratificaram o protocolo, o que já garantia sua entrada em vigor.

No Brasil, o próximo passo será a assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de janeiro de 2009. O prazo estimado de adaptação para os brasileiros é de três anos, mas a revisão já está valendo. A reforma ortográfica, portanto, só será obrigatória a partir de 2012, mas é bom começarmos a nos adaptar.

É preciso saber o que muda e o que não muda. Vamos começar pelas regras de acentuação gráfica.

A) – Regras especiais

1ª) Regra dos hiatos (abolida pela reforma ortográfica):

Como era?
Todas as palavras terminadas em “oo(s)” e as formas verbais terminadas em “-eem” recebiam acento circunflexo:

vôo, vôos, enjôo, enjôos, abençôo, perdôo; crêem, dêem, lêem, vêem, relêem, prevêem.

Como fica?
Sem acento:
voo, voos, enjoo, enjoos, abençoo, perdoo; creem, deem, leem, veem, releem, preveem.

Que não muda?
a) Eles têm e eles vêm (terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos TER e VIR);
b) Ele contém, detém, provém, intervém (terceira pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos derivados de TER e VIR: conter, deter, manter, obter, provir, intervir, convir);
c) Eles contêm, detêm, provêm, intervêm (terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos derivados de TER e VIR).

Como fica?
ELE/ELA ELES/ELAS ELE/ELA ELES/ELAS
-ê -eem -em/-ém -êm

crê creem tem têm
dê deem vem vêm
lê leem contém contêm
vê veem provém provêm

2ª) Regra do “u” e do “i” (parcialmente abolida):

Que não mudou?
As vogais “i” e “u” recebem acento agudo sempre que formam hiato com a vogal anterior e ficam sozinhas na sílaba ou com “s”:

Gra-ja-ú, ba-ú, sa-ú-de, vi-ú-va, con-te-ú-do, ga-ú-cho, eu re-ú-no, ele re-ú-ne, eu sa-ú-do, eles sa-ú-dam;

I-ca-ra-í, eu ca-í, eu sa-í, eu tra-í, o pa-ís, tu ca-ís-te, nós ca-í-mos, eles ca-í-ram, eu ca-í-a, ba-í-a, ra-í-zes, ju-í-za, ju-í-zes, pre-ju-í-zo, fa-ís-ca, pro-í-bo, je-su-í-ta, dis-tri-bu-í-do, con-tri-bu-í-do, a-tra-í-do…

Observações:
a) A vogal “i” tônica, antes de “NH”, não recebe acento agudo: rainha, bainha, tainha, ladainha, moinho…
b) Não há acento agudo quando formam ditongo e não hiato: gra-tui-to, for-tui-to, in-tui-to, cir-cui-to, mui-to, sai-a, bai-a, que eles cai-am, ele cai, ele sai, ele trai, os pais…
c) Não há acento agudo quando as vogais “i” e “u” não estão isoladas na sílaba: ca-iu, ca-ir-mos, sa-in-do, ra-iz, ju-iz, ru-im, pa-ul…

Que mudou?
Perdem o acento agudo as palavras em que as vogais “i” e “u” formam hiato com um ditongo anterior: fei-u-ra, bai-u-ca, Bo-cai-u-va…

Como era/ como fica?
Feiúra – feiura;
Baiúca – baiuca;
Bocaiúva – Bocaiuva.

Teste

Que opção completa corretamente a frase “Quando adoeceu ____ questão de alguns anos, ainda não se _________ outros métodos de tratamento”?

(a) a / conhecia;
(b) à / conhecia;
(c) à / conheciam;
(d) há / conhecia;
(e) há / conheciam.

Resposta do teste:

letra (e).

Em “…adoeceu há questão de alguns anos”, devemos usar o verbo HAVER. Temos a idéia de “tempo decorrido” (=faz alguns anos). E o sujeito do verbo CONHECER é “outros métodos de tratamento”, ou seja, “outros métodos de tratamento não ERAM CONHECIDOS” (=não SE CONHECIAM outros métodos de tratamento).

Do combate domingo, jun 8 2008 

Postado por Paulo Coelho em 31 de Maio de 2008 às 00:34

Diz uma bela página da literatura árabe, citada por Mansur Chalita: “a metade do mundo sempre te será adversa: se fores bom, os maus te combaterão; se fores mau, os bons te combaterão”.

É claro que existe ainda uma terceira possibilidade: não ser nem bom, nem mau. Isto significa não tomar uma posição diante da vida, passar o tempo todo fingindo não perceber o que acontece a nossa volta.

Quem age assim não tem metade do mundo lutando contra si; tem o mundo inteiro contra. Por mais que tente agradar, só consegue desagradar a todos. Dá uma mão e um braço é pedido. Tenta corresponder a uma expectativa e termina decepcionando mais ainda.

Bem feito. Porque quem age assim está evitando os desafios que todos nós temos que enfrentar.

Amyr Klink: “ O talento é possível para qualquer um” domingo, jun 8 2008 

Conhecido internacionalmente pelas viagens solitárias cruzando oceanos e percorrendo rotas muitas vezes impossíveis de se imaginar serem realizadas, o navegador paulista  também trabalha em terra firme, seja na empresa Amyr Klink Projetos Especiais, onde constrói barcos e veleiros sob encomenda, ou realizando palestras onde trata de assuntos como planejamento estratégico, gerenciamento de risco, qualidade e trabalho em equipe ou simplesmente o relato de suas aventuras pelos mares a bordo do veleiro Parati.

Durante a abertura da 12ª Convenção do Comércio e Serviços do Rio Grande do Norte, o navegador que foi convidado para ministrar a palestra “Procura-se talentos”, deixou bem claro que não acredita na premissa que se “nasce talentoso”. Para Klink, o talento é possível a qualquer pessoa, desde que se ofereçam as condições necessárias ao seu desenvolvimento. E essa possibilidade ele só enxerga de uma forma: numa educação de qualidade.
Numa conversa com a imprensa, Amyr disse acreditar no potencial notório do brasileiro que precisa sim, ser valorizado e capacitado através de uma escola onde se ofereça  oportunidades de criação. Ele conta que procura pessoas sem nenhuma perspectiva de futuro e treina na sua empresa, na construção de barcos e a maior recompensa é encontrar depois de três ou quatro anos, essa pessoa trabalhando em países como a China, recebendo um salário equivalente a de um médico de renome nacional. No trabalho que evita ser tachado de “social”, Amyr oportuniza aprendizado para alcoólatras, drogados e moradores de rua.
Para exemplificar seu pensamento, Amyr lembra o sistema de funcionamento da rede americana de fast food, McDonald’s. “Não gosto do McDonald’s, do setor produtivo dos Estados Unidos, mas eles valorizam a função de cada pessoa numa empresa”, quando estabelece que todos os funcionários precisam passar por todos os setores e funções para que possa aprender e valorizar a atividade do outro, ou seja, um gerente compreende o trabalho e sabe executar as funções de um copeiro. Nesse processo para o navegador, o respeito mútuo se estabelece sem uma gestão autoritária.

CAMINHO ERRADO
Com a vivência de quem percorre e conhece inúmeros países, o navegador afirma que o Brasil está caminhando na contramão principalmente no que se refere à escola (pública e privada) e a qualidade do ensino oferecido hoje. Ele afirma que é necessário um planejamento de pelo menos 50 anos e enfatiza que o individuo que não sabe falar pelo menos três línguas vai num futuro próximo ficar fora do mercado de trabalho. Ele disse que não compactua com essa premissa de que o “o país é pobre”, pois pobreza se encontra em lugares como o Oriente Médio e o “cinturão” africano e lamenta o crescimento desordenado do Brasil e a ineficiência dos serviços públicos. No entanto, acredita que essa situação possa ser revertida com um planejamento organizado do Governo para a educação e a qualificação profissional.
Ainda na linha de que ninguém nasce com talento, e sim com oportunidades, o navegador surpreende ao afirmar que o país perdeu “talentos” para o crime como Fernandinho Beira-Mar e Salvatore Carciola, que desenvolveram o talento de administrar “verdadeiras empresas” num submundo totalmente desorganizado.

NADA CAI DO CÉU
Afirmando que a questão financeira não é o principal eixo da sua vida, Amyr Klink disse que “se tivesse focado minha fica em ganhar dinheiro eu teria fracassado”, ressaltando mais uma vez a necessidade da dedicação e a “entrega da alma” no que se propõe a fazer. “Condeno o profissional que executa sua atividade apenas pensando num salário ao final do mês. É preciso ter algo a mais”. E num pensamento lógico, afirma que o dinheiro é apenas o resultado da dedicação ao trabalho. “Nada cai do céu. Não adianta achar que se ficar em casa esperando Deus vai mandar”, citando a importância de sair à procura e estabelecer metas.

Publicado no O Jornal de Hoje, Caderno de Economia, 31 de maio de 2008.