O coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza, disse nesta terça-feira (26) que os 18 mil índios que vivem na Terra Indígena Raposa Serra do Sol não deixarão os 1,7 milhão de hectares da reserva. A decisão, segundo Souza, não mudará mesmo se o Supremo Tribunal Federal determinar nesta quarta-feira (27) pela ilegalidade da demarcação contínua e autorize a permanência de arrozeiros e famílias de agricultores brancos na área.
O STF julga nesta quarta as ações que contestam a demarcação da reserva indígena, homologada em 2005 pelo governo federal. Um grupo de grandes produtores de arroz e famílias de agricultores brancos querem permanecer em parte da área da terra indígena.
Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador disse temer, inclusive, a possibilidade de conflito após a decisão do STF, principalmente no Distrito de Surumu, dentro da reserva, área de maior tensão entre fazendeiros e índios.
A Polícia Federal diz que já recebeu reforço no contingente para monitorar a região nos próximos dias. Agentes da Força Nacional de Segurança também estão na área. Um grupo de indígenas deve ser reunir no centro de Boa Vista para acompanhar o julgamento do STF.
Manifestação
Nesta terça (26), um grupo de cerca de 500 pessoas fechou por quase três horas a BR-174, que liga Boa Vista a Pacaraima. O protesto pela manutenção da demarcação contínua das áreas reuniu indígenas, agricultores, representantes dos Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). O grupo também aproveitou para pedir a posse de uma fazenda na beira da rodovia, ocupada há oito dias por cerca de 200 famílias.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, a manifestação foi pacífica e apenas uma pessoa foi detida após furar o bloqueio e invadir a pista onde estavam os protestantes.
Terra Indígena Raposa Serra do Sol
A demarcação da reserva indígena concluída pelo governo federal em 2005 abrange uma região de 1,7 milhão de hectares. Os arrozeiros ocupam cerca de 1% dessa área e as comunidades indígenas estão divididas entre simpatizantes e contrários a permanência dos agricultores.
De acordo com o governo do Estado, a produção de arroz corresponde a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) de Roraima e gera pelo menos dois mil empregos diretos. Mas os produtores já receberam diversas multas milionárias do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por degradação ambiental. Eles não aceitam deixar a reserva e alegam que as indenizações oferecidas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) são irrisórias.
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