Em sua casa no bairro Ogiva na pequena cidade de Cabo Frio, interior do Rio de Janeiro, para onde tinha se auto-exilado, Nilton assistia pela enésima vez o filme BOPE – Tropa de Elite, acompanhado por sua companheira de todas as horas, Márcia. A cena que mais prazer e lembranças lhe traziam era quando os meliantes eram ensacados e cantavam como passarinhos, pena que não sabiam voar, aquele recurso lhe fora muito útil em sua carreira de Delegado da Polícia Federal. O filme também lhe trazia más recordações, fantasmas insepultos, a cena do jovem queimando nos pneus, o rosto do “Baiano” lembrava muito o Elias “Maluco” que tinha feito a mesma barbaridade com seu amigo o jornalista Tim Lopes, a cena era bem verossímil, Elias e Baiano também se esconderam como animais após suas valentias, pena que o Cap. Nascimento não encontrou o “Maluco”, poderíamos estar economizando dinheiro bom.
Depois desse episódio, Nilton preferiu se transferir para o interior, não conseguia conviver com a frustação, a sensação de impotência, apesar de ser o melhor investigador do Departamento, fora diversas vezes preterido por não admitir tons de cinza nas suas tarefas.