Custos Diretos e Indiretos sábado, mar 22 2008 

Custos diretos e indiretos – Diferenciação e Tratamento Contábil

CUSTOS DIRETOS

É aquele que pode ser identificado e diretamente apropriado a cada tipo de obra a ser custeado, no momento de sua ocorrência, isto é, está ligado diretamente a cada tipo de bem ou função de custo. É aquele que pode ser atribuído (ou identificado) direto a um produto, linha de produto, centro de custo ou departamento.

Não necessita de rateios para ser atribuído ao objeto custeado.

Ou ainda, são aqueles diretamente incluídos no cálculo dos produtos.

Exemplos de custos diretos:

Matérias-primas usados na fabricação do produto
Mão-de-obra direta
Serviços subcontratados e aplicados diretamente nos produtos ou serviços

Os custos diretos tem a propriedade de ser perfeitamente mensuráveis de maneira objetiva. Os custos são qualificados aos portadores finais (produtos), individualmente considerados.

Os CUSTOS DIRETOS constituem todos aqueles elementos de custo individualizáveis com respeito ao produto ou serviço, isto é, se identificam imediatamente com a produção dos mesmos, mantendo uma correspondência proporcional. Um mero ato de medição é necessário para determinar estes custos.

APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS

Para conhecer o consumo de materiais, basta a empresa manter um sistema de requisições, de modo a saber sempre para qual produto foi utilizado o material retirado do Almoxarifado.

Para conhecer o consumo de mão-de-obra direta, é preciso, a empresa mantenha um sistema de apontamentos, por meio do qual se verifica quais os operários que trabalham em cada produto (ou serviço) no período (dia, semana, mês) e por quanto tempo (minutos, horas).

Nas empresas de serviços, normalmente se faz o acompanhamento da ordem de serviço, anotando os custos alocados diretamente (mão de obra, materiais aplicados e serviços subcontratados).

CUSTOS INDIRETOS

Indireto é o custo que não se pode apropriar diretamente a cada tipo de bem ou função de custo no momento de sua ocorrência. Os custos indiretos são apropriados aos portadores finais mediante o emprego de critérios pré-determinados e vinculados a causas correlatas, como mão-de-obra indireta, rateada por horas/homem da mão de obra direta, gastos com energia, com base em horas/máquinas utilizadas, etc.

Atribui-se parcelas de custos a cada tipo de bem ou função por meio de critérios de rateio. É um custo comum a muitos tipos diferentes de bens, sem que se possa separar a parcela referente a cada um, no momento de sua ocorrência. Ou ainda, pode ser entendido, como aquele custo que não pode ser atribuído (ou identificado) diretamente a um produto, linha de produto, centro de custo ou departamento. Necessita de taxas/critérios de rateio ou parâmetros para atribuição ao objeto custeado.

São aqueles que apenas mediante aproximação podem ser atribuídos aos produtos por algum critério de rateio.

Exemplos:

1. Mão-de-obra indireta: é representada pelo trabalho nos departamentos auxiliares nas indústrias ou prestadores de serviços e que não são mensuráveis em nenhum produto ou serviço executado, como a mão de obra de supervisores, controle de qualidade, etc.

2. Materiais indiretos: são materiais empregados nas atividades auxiliares de produção, ou cujo relacionamento com o produto é irrelevante. São eles: graxas e lubrificantes, lixas etc.

3. Outros custos indiretos: são os custos que dizem respeito à existência do setor fabril ou de prestação de serviços, como depreciação, seguros, manutenção de equipamentos, etc.

Este tópico é reprodução de parte da obra “CONTABILIDADE DE CUSTOS” de Júlio César Zanluca.

Orçamento Empresarial sábado, mar 22 2008 

COMO ELABORAR UM ORÇAMENTO EMPRESARIAL?

Júlio César Zanluca

A maioria dos orçamentos preocupa-se em antever as receitas e despesas da entidade. Quando escreve-se despesas, leia-se todos os custos e despesas.

Qualquer orçamento, salvo os orçamentos iniciais de uma entidade (quando meras projeções de um negócio ou atividade futura) baseia-se em dados históricos, fatos ocorridos no passado que permitem um mínimo de previsibilidade.

Como a contabilidade é o registro histórico das operações econômicas e financeiras, obviamente que é o principal elemento na formação de premissas orçamentárias.

PREVISÃO DE VENDAS

Para previsão de vendas, se utilizará a contabilidade como indicativo:

1. Qual o nível histórico de vendas (valores nominais, em R$)?

2. Qual a sazonalidade do negócio?

3. Qual a representatividade dos novos negócios (ou produtos) já concretizados?

4. Etc.

PREVISÃO DE COMPRAS

Uma vez definido o nível de vendas orçado, estima-se o nível de compras necessário para a tal volume de negócios.

NÍVEL DE COMPRAS

Assim como as vendas, as compras sofrerão influências, tais como:

1. Nível de preços decorrentes dos ajustes de tabela dos fornecedores.

2. Variação de volume, em função de variação de volume de vendas físicas (unidades).

3. Variação de volume, em função de maior/menor estocagem.

Comecemos pelo ajustes de preços de compras.

VARIAÇÃO DE PREÇOS NAS COMPRAS

A inflação interna da empresa é diferente da inflação oficial (medida por índices como o IGP-M da Fundação Getúlio Vargas, INPC do IBGE, etc.).

Alguns preços podem ser indexados ao câmbio (dólar, euro), pois correspondem a produtos importados ou cotados em bolsa de mercadorias internacionais (como soja).

Outros preços são decorrentes de contratos com fornecedores, onde fixa-se periodicamente o reajuste de acordo com a inflação ou outro indicador.

Então, para se ter uma previsibilidade mínima do valor de compra dos estoques, temos que estimar a “inflação dos produtos” da empresa.

VARIAÇÃO DE VOLUME

O próximo passo é ajustar o volume (físico) de compras ao volume (físico) de vendas projetadas.

Deve-se levar em conta, neste cálculo, o lançamento de novos produtos. A engenharia de produção pode estimar, com base na planilha técnica dos produtos a serem lançados, quais as unidades de compras adicionais necessárias.

CUSTO DOS PRODUTOS E MERCADORIAS VENDIDAS

Uma vez determinado o volume de compras, por dedução, se apurará o custo dos produtos e mercadorias vendidas.

A fórmula de apuração do CPV ou CMV é:

CPV ou CMV = Ei + C – Ef

Onde:

CPV = Custo dos Produtos Vendidos

CMV = Custo das Mercadorias Vendidas

Ei = Estoques Iniciais

C = Custo das Compras

Ef = Estoques Finais

Nota: nesta terminologia, CPV relaciona-se aos produtos fabricados (atividade industrial), e CMV ás mercadorias adquiridas para revenda (atividade comercial).

CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS

Na orçamentação de custos e despesas operacionais, a contabilidade terá relevância, pois apresentará os valores históricos, relacionando o nível de operações com os correspondentes desembolsos, tais como: tributos sobre vendas, folha de pagamento, despesas gerais de produção, despesas administrativas e de vendas, despesas financeiras, etc.

A contabilidade, como fornecedora de informações regulares e acumuladas sobre desembolsos relativos a custos e despesas operacionais, será uma grande fonte histórica de dados para a projeção orçamentária de tais despesas.

Com base no valor acumulado anual de tais desembolsos, pode-se prever a dinâmica futura de tais gastos, incluindo:

1. Os efeitos da variação de preços sobre produtos e serviços consumidos na atividade operacional.

2. As eventuais variações físicas/quantitativas do consumo, relacionadas á expansão ou redução de negócios.

3. Subsídios para despesas novas que serão exigidas em função de novos produtos ou serviços a serem lançados.

VARIAÇÃO DE PREÇOS

A tendência é que os preços, em mercado livre, tenham convergência para os principais índices de inflação. Assim, um orçamento com base histórica na contabilidade precisará estimar tais índices e aplicá-los sobre os valores nominais incorridos no exercício anterior.

VARIAÇÕES FÍSICAS/QUANTITATIVAS

A abertura de uma filial, a expansão (ou redução) de negócios e linhas de produtos, a introdução de serviços ou modernização de atividades irão exigir que as projeções orçamentárias incluam tais aspectos em sua base.

Novamente, a contabilidade tem muito a contribuir com o gestor. Como exemplo, a abertura de uma filial de vendas.

Se a contabilidade é departamentalizada (registrando os centros de custos), poderá fornecer bases para se estimar os custos de uma nova filial, com base numa filial já instalada e operacional.

DESPESAS NOVAS

Não somente a expansão dos negócios exigirá despesas novas.

Boa parte dos novos custos e despesas empresariais relacionam-se com obrigatoriedade de atendimento de legislação, reestruturação operacional, modernização ou outros itens que não implicam, necessariamente, em novos negócios (receitas).

Como exemplo, uma empresa que estará sujeita á regulamentação especial relativa á Vigilância Sanitária.

Se, no ano anterior, deixou de implementar os gastos necessários á adequação da legislação, precisa prever tais desembolsos no orçamento corrente.

As bases contábeis, neste caso, poderão ser insuficientes para uma correta projeção.

Entretanto, o gestor poderá utilizar-se da contabilidade para determinar quais despesas similares já estão presentes, e como se correlacionarão com as despesas novas.

RECEITAS E DESPESAS FINANCEIRAS

A grande dificuldade dos gestores de empresas é prever, com antecedência, quais os custos financeiros que serão incorridos nas atividades.

Novamente, a contabilidade tem uma contribuição específica para tais projeções.

Para um cálculo mais exato do montante total de despesas financeiras (ou, contrariamente, se houver disponibilidades momentâneas de caixa, as respectivas receitas), deve-se projetar o fluxo de caixa, visando identificar necessidades de financiamentos e empréstimos de capital de giro e investimentos fixos (imobilizado).

A tais valores, acrescenta-se o resultado dos encargos já contratados.

Auditoria e Gestão sábado, mar 22 2008 

AUDITORIA E GESTÃO

Equipe Portal de Contabilidade

A auditoria, tanto a externa (também chamada independente), quanto interna, tem muito a colaborar na gestão de entidades, já que a complexidade operacional e demandas por controles do patrimônio exigem acompanhamento efetivo por parte dos gestores, acionistas, controladores ou fornecedores de capital.

Por exemplo, na aquisição de uma empresa já estabelecida, o adquirente que assume a responsabilidade de um empreendimento precisa conhecer como estão os registros contábeis, qual a situação patrimonial da empresa adquirida, enfim, conhecer aquilo que se assumirá. É imprescindível conhecer todas as contas do ativo e do passivo, direitos e obrigações, a curto e longo prazos e tudo mais, antes de tomar a decisão de adquirir um negócio já estabelecido.

Além da auditoria interna regular – ajudando a eliminar desperdícios, simplificar tarefas, servir de ferramenta de apoio à gestão e transmitir informações aos administradores sobre o desenvolvimento das atividades executadas, um gestor pode servir-se de auditorias externas independentes. Estas, seja por exigência de órgãos reguladores, dos órgãos societários ou para atender a exigências legais, suprirão os administradores e acionistas com uma opinião abalizada sobre as demonstrações contábeis, de modo que essas passem a merecer a credibilidade necessária por parte dos usuários das informações econômico-financeiras auditadas.

A existência de auditorias regulares permite minimizar a possibilidade de fraudes. Uma boa auditoria revela, nos relatórios, falhas de controles que deverão ser supridas, permitindo aos gestores ações práticas em prol da defesa do patrimônio.

Um bom gestor sempre valorizará as atividades de auditoria, sejam internas ou externas. Afinal, “quem não deve não teme”, e a transparência é a marca de um bom administrador.

Agindo desta forma, os administradores que prestaram contas de maneira aberta se cercaram de cuidados com relação ao ambiente de controles internos da empresa. Esses gestores melhoraram seus sistemas de contabilidade e controles, criando condições para que a contabilidade produzisse demonstrações contábeis confiáveis e que representassem a posição patrimonial e financeira da sociedade, bem como o resultado de suas operações no exercício em avaliação.

A tendência é que a auditoria seja uma ferramenta cada vez mais presente nas organizações, e quem desprezá-la levantará suspeitas sobre si – afinal, por que não utilizar-se de uma ferramenta que comprovadamente traz benefícios aos controles de qualquer entidade?

Contabilidade Gerencial sábado, mar 22 2008 

CONTABILIDADE GERENCIAL – O QUE É? COMO UTILIZÁ-LA?

Júlio César Zanluca

A contabilidade é uma ferramenta indispensável para a gestão de negócios. De longa data, contadores, administradores e responsáveis pela gestão de empresas se convenceram que amplitude das informações contábeis vai além do simples cálculo de impostos e atendimento de legislações comerciais, previdenciárias e legais.

Contabilidade Gerencial, em síntese, é a utilização dos registros e controles contábeis com o objetivo de gerir uma entidade.

A gestão de entidades é um processo complexo e amplo, que necessita de uma adequada estrutura de informações – e a contabilidade é a principal delas.

Além do mais, o custo de manter uma contabilidade completa (livros diário, razão, inventário, conciliações, etc.) não é justificável para atender somente o fisco. Informações relevantes podem estar sendo desperdiçadas, quando a contabilidade é encarada como mera burocracia para atendimento governamental.

Objetivamente, o custo médio de uma contabilidade de empresa de pequeno porte (faturamento até R$ 120.000/mês) é acima de R$ 600,00. Numa empresa de médio porte (faturamento até R$ 1.000.000/mês) este custo vai a R$ 3.000,00 ou mais. Tais empresas precisam aproveitar as informações geradas, pois obviamente este será um fator de competitividade com seus concorrentes: a tomada de decisões com base em fatos reais e dentro de uma técnica comprovadamente eficaz – o uso da contabilidade.

A contabilidade gerencial não “inventa” dados, mas lastreia-se na escrituração regular dos documentos, contas e outros fatos que influenciam o patrimônio empresarial.

Dentre as utilizações da contabilidade, para fins gerenciais, destacam-se, entre outros:

1. Projeção do Fluxo de Caixa

2. Análise de Indicadores

3. Cálculo do Ponto de Equilíbrio

4. Determinação de Custos Padrões

5. Planejamento Tributário

6. Elaboração do Orçamento e Controle Orçamentário

CONDIÇÕES

O primeiro passo para uma contabilidade verdadeiramente gerencial, é que esta seja atualizada, conciliada e mantida com respeito às boas técnicas contábeis.

Desta forma, pressupõe-se, entre outros, que uma contabilidade para uso gerencial deva ter:

1. Contas bancárias devidamente “fechadas” com os respectivos extratos, sendo as diferenças demonstradas e que tais diferenças não afetem o resultado pelo regime de competência. Admite-se, tão somente, as típicas “pendências” bancárias, como cheques não compensados e pequenos valores de débitos e créditos a ajustar. Valores expressivos, como débitos de juros e encargos sobre financiamentos, devem estar contabilizados.

2. Provisões de Férias e 13º Salário feitas mensalmente, com base em relatórios detalhados do departamento de recursos humanos. A falta de provisão mensal distorce as demonstrações contábeis, pois o regime de competência não é atendido.

3. Depreciações, amortizações e exaustões, contabilizadas com base em controles do patrimônio.

4. Registro dos tributos gerados concomitantemente ao fato gerador, efetuando-se também a Provisão do IRPJ e CSLL, conforme regime a que está sujeito a empresa (lucro real, presumido ou arbitrado).

5. Nas empresas que se dedicam às atividades imobiliárias, optar por contabilizar custos orçados das obras. Outras atividades também exigirão técnicas contábeis específicas, como as cooperativas e as instituições financeiras.

6. Receitas, custos e despesas, reconhecidas pelo regime de competência, como detalhado adiante.

O REGIME DE COMPETÊNCIA CONTÁBIL

O reconhecimento das receitas e gastos é um dos aspectos básicos da contabilidade que devem ser conhecidos para poder avaliar adequadamente as informações financeiras.

Sob o método de competência, os efeitos financeiros das transações e eventos são reconhecidos nos períodos nos quais ocorrem, independentemente de terem sido recebidos ou pagos.

Para todos os efeitos, as Normas Brasileiras de Contabilidade elegem o regime de competência como único parâmetro válido, portanto, de utilização compulsória no meio empresarial.

Júlio César Zanluca é Contabilista e autor do Manual de Contabilidade Gerencial.

A Contabilidade como instrumento da Gestão sábado, mar 22 2008 

A CONTABILIDADE COMO INSTRUMENTO DA GESTÃO

Carlos José Pedrosa

UMA DIFÍCIL REALIDADE

A área contábil é uma das mais críticas, visto que ali se encontram todos os registros da vida de uma empresa. As oscilações do dia-a-dia, as operações, os resultados sistematicamente registrados e analisados, mostram o desempenho, os fortes e fracos de uma organização.

A contabilidade facilita as ações, fornecendo as coordenadas de acordo com o desempenho medido. Entretanto, ainda encontramos empresários que olham a contabilidade apenas como burocracia, não vendo nela nenhum benefício. Isso decorre da falta de informação, já que o empresário, de início, precisa saber comprar e vender, mas não é obrigado a conhecer contabilidade. Por isso mesmo existem cursos rápidos de “contabilidade para não contadores”, como forma de combater a desinformação.

Também há aqueles que, justamente por falta de um registro adequado e uma análise objetiva, confundem margem de contribuição com lucro. Pior, é muito comum a inexistência de um plano de contas adequado, que permita o registro sistemático das operações e a apuração dos custos em bases técnicas. Quando muito, existe um elenco de contas para o registro contábil e uma única conta – ou algumas poucas – para o registro dos custos como “produção em andamento”. Em geral, acumula-se os totais de mão-de-obra, de materiais e de gastos gerais, daí aplicando-se tudo pelo custo médio: hora trabalhada, materiais aplicados e gastos gerais rateados sem nenhum critério técnico.

E quando se aplica a média de muitas coisas diferentes, o resultado poderá ser a ineficiência oculta de coisas diferentes. Assim, as empresas registram mal, apuram mal, calculam mal os seus preços, e, em conseqüência, vendem mal. Nessas condições, não podem mesmo produzir bons resultados. Mas quem paga o pato é a contabilidade.

O QUE É UM PLANO DE CONTAS

O plano de contas é uma peça mais ampla, utilizada pela boa técnica contábil, trazendo um conjunto de normas compondo o sistema contábil de uma determinada organização. Estabelece a conduta que deve reger a escrituração contábil, através da exposição das contas com seus títulos, códigos, funções, funcionamento, registro, grupamentos, relacionamento entre as contas e os grupos, análises, etc.

Não é um simples elenco de contas, que não proporciona nenhuma orientação. Assim como um exército em campanha segue um plano de operações, e não um elenco de ações, na guerra dos negócios a contabilidade segue um plano de contas, para que todos os dados sejam adequadamente registrados, analisados e interpretados.

SOBRE OS CUSTOS

Seu propósito básico é o de registrar, determinar e informar os custos operacionais e as condições que ocorreram no curso da manufatura e montagem de produtos e serviços da empresa. Ocupa-se essencialmente do registro dos custos de mão-de-obra, material e gastos gerais de fabricação de acordo com a unidade ou unidades mais significativas de medida.

O valor real da contabilidade de custos está na sua capacidade de prover dados de custos significativos, com presteza suficiente para permitir, aos diretores, gerentes e a seus subordinados, tomar rapidamente ações corretivas, quando forem encontradas situações desfavoráveis ou quando houver oportunidades favoráveis de mudanças.

A contabilidade de custos industriais tem uma função mais dinâmica, não devendo se restringir aos relatos dos custos históricos muito depois de terem ocorrido, quando talvez já não tenham tanta utilidade.

Assim, torna-se imprescindível a elaboração ou reestruturação do plano de contas e do sistema de custos, dotando a organização de instrumentos adequados ao seu porte e ao tipo de negócio, de modo a permitir um efetivo gerenciamento e um apropriado controle do patrimônio, dos custos e da lucratividade. Essa adequação deverá levar em conta o nível de detalhamento necessário para atender as necessidades específicas de cada organização.

INFORMAÇÕES CONFIÁVEIS

Os elementos dos custos de mão-de-obra, material e gastos gerais de fabricação podem ser colhidos e relatados em diversas bases, como: em toda a companhia, por divisão, por fábrica, por departamento, por centro de custos, por função, por linha de produção, por máquina, por homem, por turno, por método de manufatura, por operação, por componente, por submontagem e montagem, por produto, por linha de produto, por cargo, por ordem de manufatura ou lote (ou por outra unidade de medida, como tonelada, tambor, galão, metro, peça, etc.), por dia, semana, mês, trimestre ou ano, por projeto ou por programa, por cliente ou, ainda, por outras bases, como os custos-padrão, variando de empresa para empresa.

PLANOS ADEQUADOS AO NEGÓCIO

Com um sistema adequadamente planejado, é possível determinar o custo real, numa determinada data, de um tipo de mão-de-obra, por homem, no turno da noite (ou do dia), numa operação particular, numa peça específica, numa dada máquina, na área de um certo mestre, num certo departamento, numa determinada fábrica, usando uma preparação ou método particular e determinar um custo comparativo em relação a qualquer outra alternativa ou padrão escolhido.

Embora nem sempre haja necessidade de tais relatórios em profundidade, um sistema de custos bem planejado, com codificação adequada das contas de material e folhas de operação, identificação de operário, máquina e departamento, contagem de tempo ou cartão de produção, fornece a capacidade de desenvolver os custos de material e mão-de-obra em qualquer nível de detalhe requerido.

O método dos custos-padrão permitem um acompanhamento rigoroso em seu confronto com o realizado, destacando-se as variações (desvios) para preço e quantidade de matéria-prima; salário e eficiência de mão-de-obra; eficiência, volume e absorção de despesas indiretas de fabricação; tempo de operação; taxa de absorção das diferenças, etc.

A contabilidade deve ter condições de municiar a administração com as informações necessárias a um acompanhamento sistemático das operações. E fará isso através de relatórios gerenciais, no tempo requerido e com informações objetivas. Um bom demonstrativo deve analisar o desempenho em termos de resultados de vendas e custos, fixos e variáveis: realizado no período (mês, por exemplo), acumulado, orçado acumulado e a variação real x orçado.

Considerando a situação atual, poderá trazer simulações que levem em conta, por exemplo, aumento no volume (produção e vendas), redução nos custos, aumento ou redução de preços, etc. Igualmente, uma análise dos custos dos produtos fabricados e dos produtos vendidos terá ampla utilidade para a correção de rumos. O planejamento do fluxo de caixa, levando em conta dados históricos e os valores previstos, também será facilitado pelos registros e pelas práticas contábeis. A escolha sobre como tratar o “leão” também será beneficiada.

A análise das diversas situações, com base nos registros contábeis, permitirá à empresa optar pelo regime que lhe for mais favorável: lucro real/presumido, PIS/Cofins, etc. Uma análise da lucratividade (operacional, final, etc.) deve trazer uma comparação com períodos anteriores, assim como a evolução do endividamento, as vendas em relação aos recursos próprios, os índices de liquidez (corrente, seco e absoluto), a rentabilidade do capital próprio, a estrutura das fontes de recursos, garantia do capital de terceiros e mais uma série de itens a serem observados. Se a contabilidade não informa nada disso, está precisando de uma profunda reestruturação.

Com os modernos sistemas de contabilidade por computador, é possível a montagem de um plano adequado, a um custo razoável, de modo a permitir que a gerência adote as medidas corretivas necessárias. A verdadeira questão a ser resolvida não é “o que poderei obter da contabilidade?”, mas “quais informações preciso para controlar a operação de forma adequada e melhorá-la?” Essa informação poderá ser fornecida prontamente por um bom sistema contábil e de custos. E quando juntamos contabilidade geral e custos, o resultado é altamente produtivo.

Com adequados sistemas de contabilidade e custos, a empresa terá condições de controlar sua atividade, economizando nos custos e aumentando sua lucratividade mais do que o custo dos sistemas necessários, com uma excelente relação custo x benefício. A contabilidade é um ótimo instrumento de gestão. Bem utilizada, poderá suprir a empresa com todos os subsídios necessários a uma eficiente administração. Parodiando o pessoal da propaganda, podemos dizer, com justiça, que a contabilidade é a verdadeira alma do negócio. Com todos esses benefícios irrefutáveis, não se poderá dizer que a contabilidade é apenas burocracia. Tudo é uma questão de visão. Ou de oftalmologia.

Carlos José Pedrosa é catarinense de Biguaçu, radicado em Alagoas. Tem formação em contabilidade, sendo um profissional autônomo oriundo da iniciativa privada. Com mais de 40 anos de atuação em banco, na indústria siderúrgica, metalúrgica, mecânica e de laticínios, no comércio, no setor jornalístico, em estatal de abastecimento e no setor público – www.cjpedrosa.webcontabil.com.br.

Planejamento Estratégico sexta-feira, mar 21 2008 

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: REINVENTANDO O SEU NEGÓCIO

Carlos José Pedrosa

O mundo dos negócios é uma verdadeira guerra, e, como em todas as guerras, vence aquele que melhor sabe neutralizar a força e o movimento dos adversários (concorrentes), favorecer o movimento de suas forças (seus vendedores), bem utilizar o potencial de suas armas (sua tecnologia), ocupar os espaços estratégicos (de mercado) e minar a frente de batalha (sua área de abrangência) com seus projéteis (seus produtos).

Em muitos casos fica evidente a necessidade de repensar a empresa e levá-la a um outro posicionamento que leve em conta diferentes realidades.

A ação de uma organização, em qualquer nível, ocorre em uma determinada área de abrangência, que pode ser um bairro, uma cidade, um Estado, uma região, ou mesmo um país ou muitos países de um ou de vários continentes. Nessas áreas deve-se levar em conta o ambiente de negócios, que muda constantemente.

Esse ambiente envolve, sofre a influência e interfere em uma grande diversidade de aspectos, como pessoal, clientes, fornecedores, concorrentes, tecnologia, finanças, governo, legislação, meio ambiente, comunidades, etc., cuja interação não pode ser ignorada.

Em tal cenário, com constantes oportunidades e ameaças, pequenas decisões poderão influir em grandes resultados. Mais que isto, tal como na guerra militar, ocupar ou não uma posição hoje poderá influir, de modo positivo ou negativo, no desempenho da organização em futuro próximo ou dentro de cinco, dez, quinze anos. Nesta época de globalização, de mudanças rápidas e de transformações inesperadas, chegar primeiro não é apenas uma estratégia de competição, mas , antes de tudo, uma questão de sobrevivência.

AS NECESSIDADES

É aqui que o empresário tem necessidade da formulação e implantação do planejamento estratégico, com definição de objetivos, políticas e estratégias. Aqui serão fixados, por exemplo, o foco da organização, os objetivos de curto, médio e longo prazos, a política de pessoal, política de preços, política comercial, política de relações com a comunidade, política de investimentos, política de produtos, estratégia de competição, estratégia de crescimento, qual seu verdadeiro produto, qual a essência do negócio, e uma série de meios para atingir os objetivos da organização, como, por exemplo, os planos táticos.

Por exemplo, uma empresa de aviação comercial poderá definir o seu negócio como sendo transporte aéreo de passageiros, ou transporte aéreo de carga, ou de passageiros e carga. Também poderá adotar uma visão estratégica mais abrangente e definir o seu negócio como transporte. Assim ela se situará em um leque mais amplo de oportunidades, que incluirão a conexão avião-caminhão, ou caminhão-navio, ou avião-caminhão-navio, etc. As oportunidades são imensas em qualquer ramo de negócio, mas as organizações precisão estar preparadas.

O GRANDE CONTEÚDO

Segundo Philip Kotler, “o planejamento estratégico é uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguiida pela organização, visando maior grau de interação com o ambiente”. Como direção, compreende-se o estabelecimento do âmbito de atuação, as macropolíticas, as políticas funcionais, a filosofia de atuação, a macroestratégia, as estratégias funcionais, os objetivos funcionais e os macroobjetivos.

O grau de interação entre a organização e o ambiente – que pode ser positivo (favorece a organização), negativo (prejudica a organização) ou neutro (não favorece nem prejudica a organização) – é uma variável dependente do posicionamento e do comportamento estratégico assumido pela organização.

A premissa do planejamento estratégico é de que as organizações desejam crescer e se desenvolver – física e economicamente – no sentido de uma evolução positiva e lucrativa para o futuro. O processo de crescimento e desenvolvimento, porém, não é tão simples, visto que a ambiência de mudanças contínuas exige da organização uma capacidade de inovação e adaptação constantes.

A adoção do planejamento estratégico requer uma mudança bastante significativa na filosofia e na prática gerencial da maioria das organizações – públicas ou privadas. O planejamento estratégico não é passível de ser implantado por simples modificações técnicas nos processos e instrumentos decisórios da organização. É, antes de tudo, uma conquista organizacional que se inicia a nível de mudanças conceituais da gerência, resultando em novas formas de comportamento administrativo, além de novas técnicas e práticas de planejamento, controle e avaliação. O processo do planejamento estratégico é, para muitas empresas, o último caminho e a última porta para a sobrevivência.

Estabelece-se, então, o plano estratégico, englobando toda a organização: os planos táticos, que se relacionam com as diversas áreas (marketing, financeiro, produção, recursos humanos, etc.) e os planos operacionais (plano de vendas, plano de investimentos, plano de produção, etc.), que se destinam a operacionalizar os planos táticos.

Com isto a empresa estará sendo dotada de um instrumento e uma visão de vanguarda que lhe permitam melhor se situar em um ambiente extremamente competitivo – muitas vezes agressivo. O posicionamento estratégico da organização poderá ser o grande diferencial e um passo decisivo para a liderança, seja qual for o seu porte, seu ramo de atividades, sua área de abrangência e o ambiente de negócios.

Com o posicionamento e a visão estratégica, a empresa poderá fixar o rumo das suas ações, definir quais os seus projetos e como desenvolve-los. É este o procedimento das organizações vitoriosas. Com um adequado planejamento estratégico, a empresa se posicionará bem melhor e aumentará seus resultados mais que o custo dos serviços que forem contratados. Isso também será uma questão de estratégia.

Carlos José Pedrosa é catarinense de Biguaçu, radicado em Alagoas. Tem formação em contabilidade, sendo um profissional autônomo oriundo da iniciativa privada. Com mais de 40 anos de atuação em banco, na indústria siderúrgica, metalúrgica, mecânica e de laticínios, no comércio, no setor jornalístico, em estatal de abastecimento e no setor público – www.cjpedrosa.webcontabil.com.br.



Gerenciamento de Contratos Terceirizados sexta-feira, mar 21 2008 

 





CONTROLADORIA – GERENCIAMENTO DE CONTRATOS TERCEIRIZADOS

Paulo Henrique Teixeira

Cada vez mais as atividades meio vêm sendo terceirizadas, para que as empresas concentrem seus esforços na atividade fim. Porém o desafio é terceirizar com segurança, eficiência e sem perder a qualidade.

No entanto, boa parte dos terceirizados não cumpre o contrato, não tem qualidade e a empresa, por sua vez, paga, não multa nem rescinde o contrato, assim os terceirizados fazem cada vez menos e ganham cada vez mais a fatura cheia. O motivo desse desvio ocorre porque os contratos são mal redigidos, não contêm descrição pormenorizada do objeto, preço, garantias, multas e formas de rescisões. Trabalhar na redação de contratos diminui os custos com terceiros.

Também, a implementação do setor de gestão de contratos, (em muitas empresas é o setor de controladoria que gere os contratos) objetivando ter o cumprimento das cláusulas contratuais com qualidade, diminui o custo operacional com terceiros. O gestor do contrato deverá ter as seguintes atribuições:

  • Identificar as necessidades internas a serem atendidas por terceiros.
  • Redigir, revisar e propor os contratos com terceiros, ou seja, deve participar ativamente na elaboração do contrato, caso contrário o jurídico vai inventar cláusulas tornando o contrato impraticável operacionalmente.
  • Ajudar a selecionar os fornecedores.
  • Exigir o cumprimento do contrato, buscando qualidade, economia e minimização de riscos.
  • Tomar providências e iniciativas de ajuste no contrato.
  • Acompanhar os acontecimentos e documentá-los.
  • Fiscalizar a execução do contrato.

O gestor competente não pode, por exemplo, pedir a substituição do funcionário terceirizado, (ele não interfere no comando dos funcionários = vínculo empregatício). Havendo falhas que interfiram no cumprimento do resultado final do serviço, o gestor deverá aplicar multa, conforme estipulado no contrato. Por isso, é muito importante redigir contratos que estipulem multas pelo descumprimento de qualquer item firmado contratualmente, de modo que as multas sejam utilizadas como instrumento de controle de qualidade dos serviços e produtos fornecidos pelo terceiro, bem como gerenciar e fiscalizar o terceiro.

(Trecho retirado do Livro Como Gerenciar a Terceirização, de Paulo Henrique Teixeira)




 
 

Contabilidade Pública sexta-feira, mar 21 2008 

Foco voltado à gestão governamental

Jornal do Comércio – RS – 09.03.2005

A contabilidade pública é uma das mais nobres áreas na gestão dos recursos públicos. Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101, de 2000), a área conquistou uma maior importância e visibilidade em toda a sociedade. A contabilidade societária, relacionada com a atividade privada, é regulada pela lei das sociedades anônimas e também pelo Código Civil, que estabelece algumas regras de como devem ser feitas as demonstrações contábeis. Já a contabilidade pública é regulada pela lei 4.320 de 1964, que é a lei das finanças públicas.


A contabilidade societária tem como foco principal o patrimônio e as suas avaliações, de tal forma que a principal peça é o balanço patrimonial. “As pessoas, quando olham a contabilidade da empresa, sabem se cresceu o patrimônio líquido e se deu lucro. Já na contabilidade pública o mais relevante é o balanço de resultados, que trata da despesa e da receita, ou seja, de que forma foi arrecadado o dinheiro e como foi aplicado”, explica o conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-RS), José Silvio Born.

Born explica também que a receita e a despesa na contabilidade societária são o que alteram a situação patrimonial. Já na área pública, é mais amplo o conceito. Receita é todo o ingresso, alterando ou não o patrimônio líquido. “A receita que altera o patrimônio líquido chama-se de receita orçamentária, e aquela que não altera é receita extra-orçamentária”, afirma. A contabilidade da área societária tem como visão o patrimônio e o lucro. Já na área pública, a visão é a gestão.

Para o coordenador da Comissão de Estudos em Contabilidade Pública do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-RS), José Paulo Leal, essa área da contabilidade tem como objetivo o controle das operações das entidades públicas. “A contabilidade pública se diferencia da privada porque não tem como foco o lucro e sim cuidar das operações das entidades governamentais”, destaca.

A classe contábil procura agora evoluir cada vez mais no sentido de padronizar os critérios contábeis para que haja um modelo único em todo o País de controle dentro da área pública. O objetivo é usar a informação contábil de forma comparativa. “Podemos comparar o desempenho, por exemplo, do estado do Rio Grande do Sul com o estado de São Paulo. Esse tipo de padronização vai ajudar evidentemente na análise global de todas as despesas e receitas do setor público”, explica Leal. Hoje ainda não é possível realizar essa comparação. “Temos que nos preocupar também em utilizar na gestão a informação que a contabilidade pública gera hoje”, enfatiza.

Para o chefe da Divisão de Estudos e Orientação da Controladoria e Auditoria Geral do Estado (Cage), Antônio Valcir Capa, os contadores devem acompanhar como está sendo aplicado os recursos, quais são as fontes de financiamento, utilizando essas informações no processo de gestão.

Na Comissão de Estudos em Contabilidade Pública do CRC-RS os integrantes estão discutindo a mudança do olhar sobre a área, saindo da visão meramente financeira, para se preocupar com o social. “Conseguimos avaliar a evolução das despesas sob o foco financeiro. Mas a carência que a gente percebe que existe é mais no sentido de avaliar o resultado qualitativamente. Tenho o orçamento da educação, mas o que realmente melhorou em termos de educação?”, avalia Leal. Para isso, os profissionais devem produzir um outro tipo de informação paralela à contabilidade.
Legislação traz maior responsabilidade e mais informações à administração

A Lei de Responsabilidade Fiscal não trouxe mudanças significativas no modo de fazer a contabilidade, e sim exigiu que se extraísse da contabilidade um maior volume de informações. A avaliação é do conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-RS), José Silvio Born. “A lei deu forma ao Relatório Resumido da Execução Orçamentária, definiu o que compõe o relatório, como se publica essa informação. Também trouxe como inovação o relatório de gestão fiscal, que visa demonstrar se foram atingidas as metas e os limites estabelecidos na lei de responsabilidade fiscal”, aponta Born. Outra inovação é que a lei exigiu que as receitas vinculadas tenham a contabilização de onde está evidenciado o que já foi aplicado e qual é o saldo. “O que o estado do Rio Grande do Sul já faz há muito tempo antes da lei”, afirma Born.

A lei também passou a dar uma maior importância e visibilidade à contabilidade. “Porque a base de toda informação é a contabilidade, que precisa ser consistente. Muitas prefeituras realizaram concursos para contratar contadores para a área de controle interno e contabilidade”, informa o chefe da Divisão de Estudos e de Orientação da Cage, Antônio Valcir Capa. Com a nova legislação, é crescente a demanda por profissionais da contabilidade no setor público, já que é exigido cada vez mais a qualidade da informação contábil. “Infelizmente, há uma tendência de não priorizar a contabilidade pública nos currículos do curso superior”, critica Born.

A formação dos profissionais para a atuação na área pública tem sofrido restrições porque existem correntes que querem até mesmo reduzir a própria carga horária, o currículo da contabilidade pública dentro das universidades, segundo o coordenador da Comissão de Estudos em Contabilidade Pública do CRC-RS, José Paulo Leal. “Temos que lutar para intensificar a qualificação dos novos profissionais”, afirma. Para Leal, o conhecimento das informações da área pública deveria ser de domínio de todos, para que um dia se tenha o chamado controle social. O coordenador reforça ainda que a lei de Responsabilidade Fiscal trouxe um maior controle sobre os gastos públicos, evitando o endividamento dos governos, o que aumentou a responsabilidade de todos, inclusive do profissional contábil, que tem que acompanhar melhor as operações.

A informatização também foi fundamental para o aprimoramento da contabilidade pública, na opinião dos especialistas. “Quando a lei de finanças públicas foi criada, nem se pensava em internet, nem microcomputador. Nesse aspecto, as inovações que a lei de responsabilidade fiscal trouxe só são possíveis em função da informatização”, enfatiza Born. Na opinião do conselheiro, as prefeituras têm dois grande desafios para enfrentar: informatizar o trabalho e colocar contadores para atuar nas suas contabilidades. “A tecnologia contribui para a velocidade de acesso e processamento das informações contábeis, o que ajuda no planejamento dos órgãos públicos, trabalhando com informações recentes”, avalia Leal.
Normas para controle dos orçamentosA Contabilidade Aplicada à Administração Pública seja na área Federal, Estadual, Municipal ou no Distrito Federal, tem como carro chefe a Lei 4.320, de 17 de março de 1964, que instituiu normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

Costuma-se dizer que a Lei 4.320/64 está para a Contabilidade Aplicada à Administração Pública assim como a Lei das Sociedade por Ações , Lei 6.404/76, está para a Contabilidade aplicada à atividade empresarial.

A Contabilidade Aplicada à Administração Pública registra a previsão da receita e a fixação da despesa, estabelecidas no Orçamento Público aprovado para o exercício, escritura a execução orçamentária da receita e da despesa, faz a comparação entre a previsão e a realização das receitas e despesas, controla as operações de crédito, a dívida ativa, os valores, os créditos e obrigações, revela as variações patrimoniais e mostra o valor do patrimônio.

Seguindo os dispositivos da Lei 4.320/64 e as afirmações anteriores, pode-se definir a Contabilidade Pública como sendo o ramo da contabilidade que registra, controla e demonstra a execução dos orçamentos, dos atos e fatos da fazenda pública e o patrimônio público e suas variações.

A contabilidade pública está interessada também em todos os atos praticados pelo administrador, sejam de natureza orçamentária (previsão da receita, fixação da despesa, empenho, descentralização de créditos etc.) ou sejam meramente administrativos (contratos, convênios, acordos, ajustes, avais, fianças, valores sob responsabilidade, comodatos de bens, etc.) representativos de valores potenciais que poderão afetar o patrimônio no futuro.

O objeto de qualquer contabilidade é o patrimônio. A contabilidade pública não está interessada somente no patrimônio e suas variações, mas, também, no orçamento e sua execução (previsão e arrecadação da receita e a fixação e a execução da despesa).

A contabilidade pública, além de registrar todos os fatos contábeis (modificativos, permutativos e mistos), registra os atos potenciais praticados pelo administrador, que poderão alterar qualitativa e quantitativamente o patrimônio.

O objetivo da Contabilidade Aplicada à Administração Pública é o de fornecer aos gestores informações atualizadas e exatas para subsidiar as tomadas de decisões, aos órgãos de controle interno e externo para o cumprimento da legislação e às instituições governamentais e particulares informações estatísticas e outras de interesse dessas instituições. Essas informações estão no Manual Siafi da Secretaria do Tesouro Nacional e no livro Contabilidade Pública – Teoria e Prática, do professor João Batista de Souza Pires.

Licitações – Demonstrativos contábeis exigidos sexta-feira, mar 21 2008 

 


 

LICITAÇÕES – DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS EXIGIDOS

 

Da Redação Portal de Contabilidade

 

A Lei nº 8.666/1993 exige das empresas participantes de licitações públicas qualificação econômico-financeira, que deve ser comprovada contabilmente.

 

Desta forma, é necessário a apresentação do balanço patrimonial e as demonstrações financeiras do último exercício social, que comprovem a boa situação financeira da empresa, sendo vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo estes ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 meses da data de apresentação da proposta.

 

A comprovação da boa situação financeira da empresa será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices contábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo administrativo da licitação que tenha dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e valores não usualmente adotados para a correta avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento das obrigações decorrentes da licitação.

A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo como dado objetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.